Existiu e subsiste ainda na nossa tradição uma divisão primordial da Deusa em duas faces, a da Anciã e a da Donzela, reflectindo a divisão do ano em Bom Tempo, o Verão, e Mau Tempo, ou mais desafiante, o Inverno. Como é próprio da cultura celta, o ano divide-se assim em duas grandes estações. Entre nós, esta divisão está assinalada em duas datas específicas, 13 de Maio e 20 de Outubro. Na primeira, aparece a Senhora na Sua face Donzela, na Cova de Seu nome, Iria. Na verdade, em Maio, Ela é já a Amante e progressivamente será Senhora das Águas, Mãe e Rainha da Terra, e nesta metade luminosa do ano, invocamo-La como Rainha do Verão. Já a segunda data de 20 de Outubro, surge-nos ligada ainda à tradição de Iria, agora na cidade de Tomar, onde o mito nos diz que foi “morta”. Quer isto dizer que os soalheiros dias do Verão e da abundância terminam e o Inverno da Deusa Anciã da Morte, Transformação e Renascimento bate à nossa porta.  Também nós fazemos questão de nessa altura irmos à cidade do Nabão, então o Seu Rio da Morte, despedirmo-nos de Iria como Senhora do Verão e acolhermos a Rainha do Inverno, Calaica, Cale, ou Cailícia.

Esta é uma tradição que foi mantida viva no nosso território certamente com o grande contributo da cultura criada pelo movimento da Transumância.

Este conceito de Deusa Dupla, de que Vicki Noble nos fala na sua obra com o mesmo título, parece, entretanto, ser algo de comum a toda a humanidade, havendo provas disso em inúmeras culturas do mundo antigo, de quando há milhares de anos se cultuava uma divindade feminina e a natureza do seu corpo feminino determinava a cosmovisão dessas sociedades antigas. Falamos duma espiritualidade orgânica, centrada na natureza como sendo o próprio corpo da divindade com os ciclos próprios do corpo feminino, o corpo da Grande Deusa. Falamos também da dualidade intrínseca à natureza da nossa realidade, dia/noite, Lua/Sol, Morte/Vida, Yin/Yang.

Esta celebração deste ano acontecerá na natureza mágica natureza da Deusa da Serra de Aire.

Iremos então acolher e honrar a Senhora da Terra do Meio como Rainha do Verão e na mesma ocasião também as Senhoras de Beltane, já que no Templo não assinalámos ainda esta data. Das Senhoras em honra destacamos Maia, que nos acompanhará, para que dispense aos campos, bem como às nossas vidas, às nossas Searas, as Suas múltiplas bênçãos de amor, de alegria, prosperidade e protecção da nossa saúde e abundância.

Antes disso, aprendemos com os e as pastoras a libertar a velha energia estagnada para melhor acolhermos em nós o poder abençoado do Ar, do Fogo, da Água e da Terra, os sagrados elementos da criação.

Traz o teu tambor ou adufe, veste roupa colorida, embora simples, porque estaremos na natureza, usa calçado confortável e o resto da lista daquilo que precisas de trazer ser-te-á pedido depois de fazeres a inscrição.

Donativo sugerido para o Templo: 15 euros

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